Estudos Avançados do Espiritismo


 ESTUDOS AVANÇADOS DO ESPIRITISMO

PUBLICAÇÃO: 04/01/2017

 
A FÍSICA NO ESPIRITISMO
Érika de Carvalho Bastone
INTRODUÇÃO
Todos aqueles que passaram por uma casa espírita já ouviram falar dos três aspectos do espiritismo: científico, filosófico e moral. Neste trabalho vamos falar um pouco do espiritismo como ciência, em particular, na Física, uma ciência exata.
Para começar, vamos rever dois trechos do primeiro artigo da Revista Espírita, de janeiro de 1858, nos quais Kardec explicita o papel da ciência no espiritismo.
... a força que se revela no fenômeno das manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na natureza... O que é preciso fazer é observá-la, estudar-lhe todas as fases para, delas, deduzir as leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo lhe fará justiça; se for a verdade, a verdade é como o vapor: quanto mais se comprime, maior é a sua força de expansão.
...talvez nos contestem a qualificação de ciência que damos ao espiritismo. Ele não poderia, sem dúvida, em alguns casos, ter os caracteres de uma ciência exata, e está precisamente aí o erro daqueles que pretendem julgá-lo como uma análise química, como um problema matemático: já é muito que tenha o de uma ciência filosófica. Toda ciência deve estar baseada sobre fatos, mas só fatos não constituem a ciência; a ciência nasce da coordenação e da dedução lógica dos fatos; é o conjunto de leis que os regem. O espiritismo chegou ao estado de ciência? .... mas as observações são bastante numerosas para se poder, pelo menos, deduzir os princípios gerais, e é aí que começa a ciência.
Desde o advento do espiritismo a física tem sido empregada na explicação de fenômenos, sendo comum o uso de termos próprios desta ciência na literatura espírita. Mesmo no Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, termos como fluido elétrico ou fluido magnético, atuais para a época, aparecem nas respostas dadas pelos espíritos a Kardec.
Muitos cientistas, espíritas ou não, nos primeiros anos da história do espiritismo, dedicaram parte de seu tempo estudando os ditos fenômenos espíritas. Podemos citar, como exemplo, William Crookes, Alexandre Aksakof, Friedrich Zöllner, Camille Flammarion e Ernesto Bozzano, entre outros. O que chega até nós de seus trabalhos é apenas uma exposição, uma coletânea de observações, bem preparadas, de apresentações mediúnicas. Eles observavam, anotavam, comparavam e analisavam, sempre aplicando o método científico, mas pouco mais podiam fazer. Nesta época o átomo ainda era uma partícula fundamental (indivisível), Maxwell estava formulando suas equações que dariam origem à teoria eletromagnética e a mecânica newtoniana ainda reinava absoluta.
A física evoluiu. Vieram novas teorias, uma nova maneira de ver o mundo. Suas descobertas influenciaram todas as áreas do conhecimento humano.
O espiritismo, com um corpo doutrinário amplo, abrangendo todas as áreas do conhecimento, ficou, a meu ver, por fora desta evolução. Mesmo fundamentado como ciência, não conseguiu, ao longo dos anos, apesar dos esforços de alguns poucos cientistas, ser considerado, no meio acadêmico, como uma ciência. Não conseguiu nem mesmo despertar a curiosidade científica sobre alguns fenômenos físicos.
Podemos culpar a comunidade acadêmica por tal desinteresse, mas a comunidade espírita também tem a sua parcela de culpa. Estamos sempre esperando que a ciência descubra indícios da vida espiritual, e que um dia a ciência confirme o que nós, espíritas, já sabemos.
Na década de 50, André Luiz, sob o intermédio dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Valdo Vieira, nos trouxe duas obras, Evolução em Dois Mundos, de 1958, e Mecanismos da Mediunidade, de 1959, em que conceitos de física são altamente explorados.
No presente trabalho faço uma análise destes dois volumes no que se refere à física. Comparo os conceitos e definições utilizadas pelo autor com a física vigente na época em que foram escritos. Para isto, apresento antes um breve resumo de como andava a física nestes tempos.
Por último, levanto a discussão a respeito da formação de uma comunidade científica espírita, interessada na elaboração de procedimentos factíveis, amparada no método científico, para o estudo da física sob a ótica espírita.
 A FÍSICA NOS SÉCULOS XIX E XX
A partir do século XVII, com o sucesso da mecânica, surgiu uma tendência para uma mecanização geral da física. Assim, o calor foi associado ao movimento de um fluido calórico, a eletricidade à existência de um ou dois fluidos elétricos, a luz seria associada à teoria corpuscular de Newton e, na química, surgiu uma espécie de fluido, o flogístico.
A ideia do flogístico começou a entrar em declínio já no século XVIII, quando Priestley, em 1774, mostrou a existência do oxigênio, e com Lavoisier, em 1777, quando decompôs a água em oxigênio e hidrogênio, embora no início do século XIX ainda restassem alguns poucos adeptos.
Durante o século XIX, a física avançou a uma velocidade cada vez mais acelerada, embora a necessidade de um meio mecânico, o éter, com propriedades essencialmente diferentes das dos meios elásticos comuns, como repositório de energia no espaço, só tenha sido definitivamente abandonada na passagem do século XIX para o século XX.
Assuntos que eram antes matérias distintas começaram a convergir. Vamos analisar separadamente as seções – calor, eletricidade e luz – e vejamos como suas relações evoluíram no século XIX, dando origem à física atômica. Veremos também como se deu a passagem da física clássica para a física quântica(1).
Como em nenhum momento André Luiz se refere à conceitos de física estatística e de relatividade, não achei necessário incluí-los neste resumo.
CALOR
No fim do século XVIII, quando defendia uma teoria vibratória para explicar o calor gerado quando se perfurava um canhão, o conde Rumford observou que o suprimento de calor parecia inexaurível, e se tornou claro que o calor não poderia, simplesmente, ser um fluido imponderável.
Depois da pesquisa de Rumford, Carnot fez uma análise permanente e penetrante de máquinas que produziam força mecânica com o calor. Declarou que o motor realiza trabalho mecânico devido à mudança de temperatura e não à perda de
1A física clássica é baseada em processos contínuos, como, por exemplo, planetas girando em torno do sol ou ondas propagando-se na água. A nossa percepção do mundo é baseada em fenômenos que evoluem continuamente no espaço e no tempo. O mundo sub-microscópico, no entanto, é muito diferente: um mundo de processos descontínuos, um mundo que exibe comportamentos que contrariam frontalmente nosso amado bom senso. Somos protegidos dessa realidade pela nossa própria cegueira sensorial.
ELETRICIDADE
A eletricidade, tal como o calor, também era concebida como um fluido imponderável. A questão principal, em 1800, era saber se seria um fluido ou se seriam dois.
No entanto, nesse ponto, o quadro deveria mudar devido a pesquisas mais extensas e profundas, sendo que evidências posteriores foram obtidas graças a estudos sobre a passagem da eletricidade ao longo dos fios.
Ohm, entre 1821 e 1827, fez vários experimentos, e concluiu que a eletricidade se movia em um fio passando de partícula em partícula.
Ao mesmo tempo Oersted e Ampère conseguiram provar experimentalmente, em 1829, que, quando uma corrente elétrica passava ao longo de um fio, havia um campo magnético associado a ela. De 1821 a 1825 Ampère esclareceu os efeitos de correntes sobre imãs, assim como o efeito oposto, a ação de um imã sobre correntes elétricas.
A eletrodinâmica de Ampère, posteriormente mais desenvolvida por Weber, era uma teoria que imitava o modelo newtoniano, isto é, tudo deveria seguir um modelo desenvolvido por Newton (1687) na sua mecânica, baseando-se nas interações entre pontos materiais. Assim, sua teoria se revelou inadequada para explicar os fenômenos eletromagnéticos, sendo logo substituída pelo novo conceito de campo.
A partir de 1833, Faraday argumentou, e conseguiu provar experimentalmente que, se a eletricidade que corria por um fio produzia efeitos magnéticos, como Ampère havia mostrado, o inverso deveria ser verdadeiro – um efeito magnético deveria produzir uma corrente elétrica.
Seguiram-se outras experiências, verificando que uma espiral de fio induziria uma corrente elétrica em si mesma nos momentos em que uma corrente fosse ligada ou desligada, fenômeno da auto-indução. Essas experiências conduziram a toda espécie de resultados práticos, do desenvolvimento dos motores e geradores elétricos ao telégrafo elétrico e à eletricidade pública. Principalmente, levantaram um problema teórico, que não era novo, embora, à sua luz, tenha se tornado um sério desafio. Era a questão relativa ao modo como a eletricidade e o magnetismo podiam afetar um ao outro no espaço vazio, o problema da ação à distância.
Faraday propôs a útil e produtiva ideia de um campo. Imaginou que existiam linhas de força magnética e que estas ficavam tanto próximas quanto mais forte fosse o campo magnético. Em 1837 introduziu o conceito paralelo de linhas de força elétrica e, no ano seguinte, estava em condições de elaborar uma teoria da eletricidade.
Afirmou, ao discutir a eletricidade e as linhas de força, que o espaço devia estar cheio de tais linhas e que, talvez, a luz e o calor radiante fossem vibrações que viajavam ao longo delas. Mas essa ideia necessitava de uma análise matemática completa, que lhe fornecesse precisão, se pretendesse que ela se tornasse algo mais que uma afirmação interessante.
Continua pg. 3 – Estudos Avançado – Física Quântica.
 
O fenômeno paranormal
Como todos sabemos, Charles Richet, querendo fazer um estudo relativo aos fenômenos que ele denominou de metapsíquicos, ou seja, além dos fenômenos psíquicos ou psicológicos, inspirado em Kardec e desejando dar um cunho liberal, quis criar a hipótese de que todos eles eram de origem puramente material, sem envolver o desencarnado.
Contudo, desconhecendo a técnica classificatória científica, em vez de criar uma classificação baseada nas causas, fez justamente o oposto, ou seja, classificou segundo a consequência e, assim, dividiu-os em objetivos, quando atuava sobre os objetos e subjetivos no caso contrário.
A Metapsíquica se espalhou por toda Europa mas Richet, ao se jubilar da Sorbone, onde era catedrático, no seu discurso de despedida declarou que nunca tivera nenhuma religião mas, se alguma doutrina o houvera convencido da sua realidade, esta era o Espiritismo, declaração essa que fez com que a Escola Metapsiquista alemã se rebelasse e, no Congresso de Ultrech (Bélgica) – 1953 – R. H. Thouless e B. P. Wiesner propuseram a troca da Metapsíquica pela parapsicologia, só que, a única mudança havida foi a nomenclatura usada, recaindo nos mesmos erros de Richet.
Os fenômenos chamados objetivos passaram a ser denominados de Psi-Kapa (y - k), duas letras gregas, de psiquê (alma) e kinessis (movimento), enquanto que os subjetivos passaram a ser Psi Gama(y - g).
De qualquer forma, persistia o erro e a ignorância da não presença do desencarnado em alguns deles.
Mais científica é a classificação de Kardec-Akzacof contida no livro deste último intitulado Animismus und Spiritismus onde os fenômenos, em decorrência do agente que o realiza é considerado anímico quando usa os dotes do alma ou espírito encarnado e espirítico ou mediúnico quando o agente que o provoca é um desencarnado.
O desenvolvimento desta classificação nós o fazemos em outro trabalho.
Relação quântica
Evidentemente, no caso dos fenômenos anímicos é muito fácil de compreender que, como no caso da telepatia, o sensitivo, ao enviar sua onda, aquela que, como no radar, vai captar o pensamento de outrem, ele o faz dentro das emissões quânticas entre as faixas catódicas e as dos raios cósmicos, já detectadas pelos ingleses. E assim, teremos os demais fenômenos, como a radiestesia (Sensibilidade às radiações), a psicocinesia (Movimentos ativos ou passivos do espírito) e todos os demais sendo produzidos pela ação anímica de uma pessoa que é capaz de emitir uma onda quântica capaz de realizar o respectivo fenômeno.
Já no caso dos fenômenos mediúnicos, o processo é mais complicado porque os espíritos só podem atuar em nosso domínio material usando seu campo parapsíquico (que se aproxima ou está ligado ao Espírito) modulado por uma energia correlata com ele que, segundo informes dados através da mediunidade de Dunglas Home à equipe de pesquisas presidida por William Crookes, advém do ectoplasma, a essência plásmica envolvente do protoplasma celular e que pode ser estudado em qualquer livro de Biologia, no capítulo de Citologia.
Então, com esta energia, o desencarnado pode agir em nosso domínio de vida, evidentemente, de diversas formas, como no caso dos efeitos físicos onde o fenômeno produzido acaba se realizando graças à capacidade espiritual de emitir ondas quânticas de energia com as quais eles realizam os fenômenos.
Nos casos, todavia, de fenômenos personalísticos, o Espírito, apenas, induz o médium à ação por ele comandada e, de qualquer forma, atuando no corpo do médium, como no caso da psicografia (sobre o braço) e da psicofonia (nas cordas vocais), ele acaba produzindo um fenômeno quântico manipulando as ações do aparelho mediúnico ou pessoa que o esteja ajudando.
Pois, sem dúvida, não existe fenômeno nem anímico nem mediúnico sem que a energia quântica esteja presente.
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Arnaldo Leite dos Santos
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Apometria na visão de Divaldo P. Franco
Postado por Mila Dalmasso em 17 julho 2012 às 0:30
 
Apometria, Corrente Magnética E Cromoterapia

O médico carioca residente em Porto Alegre desde os anos 50, Dr. José Lacerda, espírita que era então, começou a realizar atividades mediúnicas normais numa pequena sala de Hospital Espírita de Porto Alegre e ali realizou investigações pessoais que desaguaram no movimento denominado Apometria.

Não irei entrar no mérito nem no estudo da apometria, porque eu não sou apômetra: eu sou espírita, mas o que posso dizer é que a Apometria, segundo os seus próprios seguidores, não é Espiritismo. Suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de “O Livro dos Médiuns”.

A presunção de alguns chegou a afirmar que a Apometria é um passo avançado ao Movimento Espírita e que Allan Kardec encontra-se totalmente ultrapassado, já que sua proposta era para o século XIX e parte do século XX, e que a apometria é o degrau mais evoluído. A prática e os métodos violentos de libertação dos obsessores que este e outros métodos correlatos apresentam, a mim me parecem tão chocantes que me fazem recordar da lei de Talião, que já foi suavizada por Moisés, com o código legal, e que Jesus sublimou através do amor.

De acordo com aqueles métodos, quando as entidades são rebeldes os doutrinadores, depois de realizarem uma contagem cabalística ou um gestual muito específico, as expulsam com violência para o magma da Terra, substância ainda em ebulição do nosso planeta, ou as colocam em cápsulas espaciais que são disparadas para o mundo da erraticidade.

Não iremos examinar a questão esdrúxula desse comportamento, mas se eu, na condição de espírito imperfeito que sou, chegasse desesperado num lugar pedindo misericórdia e apoio à minha loucura, e outrem, o meu próximo, me exilasse para o magma da Terra, para eu experimentar a dureza de um inferno mitológico, ou ser desintegrado, ou se me mandassem expulso da Terra numa cápsula espacial, renegaria aquele Deus que inspirou esse adversário da compaixão.

A Doutrina Espírita, baseada no ensino de Jesus, centraliza-se no amor e todas essas práticas novas, das mentalizações, das correntes mento-magnéticas, psico-telérgicas, que, para nós, espíritas, merecem todo respeito, mas não tem nada a ver com Espiritismo.

O mesmo se dá com as práticas da Terapia de Existências Passadas realizadas dentro da casa espírita ou da cromoterapia ou da cristalterapia, que fogem totalmente da finalidade do Espiritismo.

A Casa Espírita não é uma clínica alternativa. Não é lugar onde toda experiência nova deve ser colocada em execução. Tenho certeza de que aqueles que adotam esses métodos novos não conhecem as bases kardequianas e, ao conhecerem-nas, nunca as vivenciaram.

Temos todo o material revelado pelo mundo espiritual nestes tantos anos de codificação, no Brasil e no mundo, pela mediunidade incomparável de Chico Xavier; as informações que vieram pela notável Yvonne do Amaral Pereira; por Zilda Gama e por tantos médiuns nobres conhecidos e desconhecidos.

Então, se alguém prefere a Apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture para não confundir. A nossa tarefa é de iluminar, não é de eliminar. O espírito mau, perverso, cruel é nosso irmão na ignorância. Poderia haver alguém mais cruel do que o jovem Saulo de Tarso? Ele havia assassinado Estevão a pedradas, havia assassinado outros, e foi a Damasco para assassinar Ananias. Jesus não o colocou numa cápsula espacial e disparou para o infinito. Apareceu a ele! Conquistou-o pelo amor. “Saulo, Saulo, por que me persegues?” pode haver maior ternura nisso? E ele tomado de espanto perguntou: “Que é isto?” “Eu sou Jesus, aquele a quem persegues”. E ele, então, caiu em si. Emmanuel ensina que o termo “caindo em si” significa que a capa do ego cedeu lugar ao encontro com o ser profundo. Ele despertou, e graças a ele nós conhecemos Jesus pela sua palavra, pelas suas lutas, pelo alto preço que pagou, apedrejado várias vezes, jogado por detrás dos muros nos lugares do lixo, foi resgatado pelos amigos e continuou pregando.

Então, os espíritos perversos merecem nossa compaixão e não nosso repúdio. Coloquemo-nos no lugar deles.

Não temos nada contra a Apometria, as correntes mento-magnéticas, aquelas outras de nomes muito esdrúxulos e pseudocientíficos. Mas, como espíritas, nós deveremos cuidar da proposta Espírita.

Na minha condição de Espírita, exercendo a mediunidade por mais de 60 anos, os resultados têm sido todos colhidos na árvore do amor e da caridade e a nossa mentalidade espírita não admite ritual, gestual, gritaria, nem determinados comportamentos.

Autor: Divaldo Pereira Franco

Fonte: Presença Espírita


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