ASPECTO FILOSÓFICO
DA DOUTRINA ESPÍRITA
LIVRO DOS ESPÍRITOS - ALLAN KARDEC
Livro consultado: O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Tradução de
Gilon Ribeiro
Postado em 01/01/2017:
Postado em 01/01/2017:
CAPÍTULO V
CONSIDERAÇÕES
SOBRE A PLURALIDADE
DAS EXISTÊNCIAS
Continuação da pg. 149.
As existências sucessivas serão, para a
vida da alma, o que os anos são para a do corpo. Reuni, em certo dia, um milheiro
de indivíduos de um a oitenta anos; suponde que um véu encubra todos os dias precedentes
ao em que os reunistes e que, em consequência, acreditais que todos nasceram na
mesma ocasião. Perguntareis naturalmente como é que uns são grandes e outros pequenos,
uns velhos e jovens outros, instruídos uns, outros ainda ignorantes. Se, porém,
dissipando-se a nuvem que lhes oculta o passado, vierdes a saber que todos hão
vivido mais ou menos tempo, tudo se vos tornará explicado. Deus, em Sua
justiça, não pode ter criado almas desigualmente perfeitas. Com a pluralidade
das existências, a desigualdade que notamos nada mais apresenta em oposição à
mais rigorosa equidade: é que apenas vemos o presente e não o passado. A este
raciocínio serve de base algum sistema, alguma suposição gratuita? Não.
Partimos de um fato patente, incontestável: a desigualdade das aptidões e do desenvolvimento
intelectual e moral e verificamos que nenhuma das teorias correntes o explica,
ao passo que uma outra teoria lhe dá explicação simples, natural e lógica.
Será racional preferir-se as que não
explicam àquela que explica? À vista da sexta interrogação acima, dirão
naturalmente que o hotentote é de raça inferior. Perguntaremos, então, se o
hotentote é ou não um homem. Se é, por que a ele e à sua raça privou Deus dos
privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é, por que tentar fazê-lo
cristão? A Doutrina Espírita tem mais amplitude do que tudo isto. Segundo ela,
não há muitas espécies de homens, há tão-somente cujos espíritos estão mais ou
menos atrasados, porém, todos suscetíveis de progredir. Não é este princípio
mais conforme à justiça de Deus?
Vimos de apreciar a alma com relação ao
seu passado e ao seu presente. Se a considerarmos, tendo em vista o seu futuro,
esbarraremos nas mesmas dificuldades.
1ª Se a nossa existência atual é que,
só ela, decidirá da nossa sorte vindoura, quais, na vida futura, as posições
respectivas do selvagem e do homem civilizado? Estarão no mesmo nível, ou se
acharão distanciados um do outro, no tocante à soma de felicidade eterna que
lhes caiba?
2ª O homem que trabalhou toda a sua
vida por melhorar-se, virá a ocupar a mesma categoria de outro que se conservou
em grau inferior de adiantamento, não por culpa sua, mas porque não teve tempo,
nem possibilidade de se tornar melhor?
3ª O que praticou o mal, por não ter
podido instruir-se, será culpado de um estado de coisas cuja existência em nada
dependeu dele?
4ª Trabalha-se continuamente por
esclarecer, moralizar, civilizar os homens. Mas, em contraposição a um que fica
esclarecido, milhões de outros morrem todos os dias antes que a luz lhes tenha
chegado. Qual a sorte destes últimos? Serão tratados como réprobos? No caso
contrário, que fizeram para ocupar categoria idêntica à dos outros?
5ª Que sorte aguarda os que morrem na
infância, quando ainda não puderam fazer nem o bem, nem o mal? Se vão para o
meio dos eleitos, por que esse favor, sem que coisa alguma hajam feito para
merecê-lo? Em virtude de que privilégio eles se veem isentos das tribulações da
vida?
Haverá alguma doutrina capaz de
resolver esses problemas? Admitam-se as existências consecutivas e tudo se
explicará de conformidade com à justiça de Deus. O que se não pôde fazer numa
existência faz-se em outra. Assim é que ninguém escapa à lei do progresso, que
cada um será recompensado segundo o seu merecimento real e que ninguém fica
excluído da felicidade suprema, a que todos podem aspirar, quaisquer que sejam
os obstáculos com que topem no caminho.
Essas questões facilmente se
multiplicariam ao infinito, porquanto inúmeros são os problemas psicológicos e
morais que só na pluralidade das existências encontram solução. Limitamo-nos a
formular as de ordem mais geral. Como quer que seja, alegar-se-á talvez que a
Igreja não admite a doutrina da reencarnação; que ela subverteria a religião.
Não temos o intuito de tratar dessa questão neste momento. Basta-nos o havermos
demonstrado que aquela doutrina é eminentemente moral e racional. Ora, o que é
moral e racional não pode estar em oposição a uma religião que proclama ser
Deus a bondade e a razão por excelência. Que teria sido da religião, se, contra
a opinião universal e o testemunho da ciência, se houvesse obstinadamente
recusado a render-se à evidência e expulsado de seu seio todos os que não
acreditassem no movimento do Sol ou nos seis dias da criação? Que crédito
houvera merecido e que autoridade teria tido, entre povos cultos, uma religião fundada
em erros manifestos e que os impusesse como artigos de fé? Logo que a evidência
se patenteou, a Igreja, criteriosamente, se colocou do lado da evidência. Uma
vez provado que certas coisas existentes seriam impossíveis sem a reencarnação,
que, a não ser por esse meio, não se consegue explicar alguns pontos do dogma,
cumpre admiti-lo e reconhecer meramente aparente o antagonismo entre esta
doutrina e a dogmática. Mais adiante mostraremos que talvez seja muito menor do
que se pensa a distância que, da doutrina das vidas sucessivas, separa a
religião e que a esta não faria aquela doutrina maior mal do que lhe fizeram as
descobertas do movimento da Terra e dos períodos geológicos, as quais, à primeira
vista, pareceram desmentir os textos sagrados. Demais, o princípio da reencarnação
ressalta de muitas passagens das Escrituras, achando-se especialmente formulado,
de modo explícito, no Evangelho:
“Quando desciam da montanha (depois da
transfiguração), Jesus lhes fez esta recomendação: Não faleis a ninguém do que
acabastes de ver, até que o Filho do homem tenha ressuscitado, dentre os
mortos. Perguntaram-lhe então seus discípulos: Por que dizem
os escribas ser preciso que primeiro
venha Elias? Respondeu-lhes Jesus: É certo que Elias há de vir e que
restabelecerá todas as coisas. Mas, eu vos declaro que Elias já veio, e eles
não o conheceram e o fizeram sofrer como entenderam. Do mesmo modo darão a
morte ao Filho do homem. Compreenderam então seus discípulos que era de João
Batista que ele lhes falava”. (São Mateus, cap. XVII.)
Pois que João Batista fora Elias, houve
reencarnação do Espírito ou da alma de Elias no corpo de João Batista. Em suma,
como quer que opinemos acerca da reencarnação, quer a aceitemos, quer não, isso
não constituirá motivo para que deixemos de sofrê-la, desde que ela exista, mau
grado a todas as crenças em contrário. O essencial está em que o ensino dos
Espíritos é eminentemente cristão; apoia-se na imortalidade da alma, nas penas
e recompensas futuras, na justiça de Deus, no livre-arbítrio do homem, na moral
do Cristo. Logo, não é antireligioso.
Temos raciocinado, abstraindo, como
dissemos, de qualquer ensinamento espírita que, para certas pessoas, carece de
autoridade. Não é somente porque veio dos Espíritos que nós e tantos outros
fizemo-nos adeptos da pluralidade das existências. É porque essa doutrina nos
pareceu a mais lógica e porque só ela resolve questões até então insolúveis.
Ainda quando fosse da autoria de um
simples mortal, tê-la-íamos igualmente adotado e não houvéramos hesitado um segundo
mais em renunciar às ideias que esposávamos. Em sendo demonstrado o erro, muito
mais que perder do que ganhar tem o amor-próprio, com o se obstinar na
sustentação de uma ideia falsa.
1. Assim também, tê-la íamos repelido,
mesmo que provindo dos Espíritos, se nos parecera contrária à razão, como repelimos
muitas outras, pois sabemos, por experiência, que não se deve aceitar cegamente
tudo o que venha deles, da mesma forma que se não deve adotar às cegas tudo o
que proceda dos homens. O melhor título que, ao nosso ver, recomenda a ideia da
reencarnação é o de ser, antes de tudo, lógica. Outro, no entanto, ela
apresenta: o de a confirmarem os fatos, fatos positivos e por bem dizer,
materiais, que um estudo atento e criterioso revela a quem se dê ao trabalho de
observar com paciência e perseverança e diante dos quais não há mais lugar para
a dúvida. Quando esses fatos se houverem vulgarizado, como os da formação e do
movimento da Terra, forçoso será que todos se rendam à evidência e os que se
lhes colocaram em oposição ver-se-ão constrangidos a desdizer-se.
2. Reconheçamos, portanto, em resumo,
que só a doutrina da pluralidade das existências explica o que, sem ela, se
mantém inexplicável; que é altamente consoladora e conforme à mais rigorosa
justiça; que constitui para o homem a âncora de salvação que Deus, por
misericórdia, lhe concedeu. As próprias palavras de Jesus não permitem dúvida a
tal respeito. Eis o que se lê no Evangelho de São João, capítulo III:
3. Respondendo a Nicodemos, disse
Jesus: Em verdade, em verdade, te digo que, se um homem não nascer de novo,
não poderá ver o reino de Deus.
4. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um
homem nascer já estando velho? Pode tornar ao ventre de sua mãe para nascer
segunda vez?
5. Respondeu Jesus: Em verdade, em
verdade te digo que, se um homem não renascer da água e do Espírito, não poderá
entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do
Espírito é Espírito. Não te admires de que eu te tenha dito: é necessário
que torneis a nascer.
(Veja, na continuação, o parágrafo
“Ressurreição da carne”, n° 1010.)
Cap. 5 – A VIDA ESPÍRITA – pg. 154 do
Livro dos Espíritos).
EMANCIPAÇÃO DA ALMA
Referência à RIE (Revista Internacional do Espiritismo: dezembro/1916,
pgs. 580/581 (Fenômeno).Publicação da “Casa Editora o Clarim”: www.oclarim.com.br e oclarim@oclarim.com.br e
FACEBOOK: https://www.facebook.com/casaeditoraoclarim
TRICORPORIDADE
“Não é possível existir a “tricorporeidade”:
“Nem o espírito, tampouco o perispírito, podem dividir-se”.
Note bem: “(...) ambos (espírito e perispírito) precisariam
fracionar-se para apresentarem-se simultaneamente em três ou mais lugares,
pois, na “bicorporeidade”. Temos apenas a expansão do perispírito e a saída do
espírito de sua sede, o corpo, mostrando-se em localidade diversa
Rogério Miguez | rogmig55@gmail.com
PESQUISA:
“... A propósito de tema tão
cativante, vale a pena informar ou lembrar: Nem a Doutrina Espírita muito menos
Allan Kardec criaram a ideia de “perispírito” e do “cordão de prata”.
Em relação à
primeira publicação, no Velho
Testamento, encontrava-se a citação:
https://biblia.gospelmais.com.br/eclesiastes_12/Capítulos de Eclesiastes
Ler capítulo 12 de Eclesiastes
2)
Em relação à
segunda publicação, ou seja no Novo Testamento, criaram a ideia de perispírito
e do “cordão de prata”, Paulo o Apóstolo dos Gentios já assim se expressava:
https://biblia.gospelmais.com.br/1-corintios_15/
Capítulos de 1
Coríntios
Ler capítulo 15 de 1 Coríntios
cqc. “O perispírito não se divide, apenas se
expande” é o que se chama de Emancipação da alma.
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