REVUE SPIRITE - Revista Espírita - Allan Kardec


REVUE SPIRITE
(REVISTA ESPÍRITA)
ALLAN KARDEC
JOURNAL D’ÉTUDES PSYCHOLOGIQUES
(JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS)
 
 
Livro consultado: Revue Spirit – Revista Espírita (1858 a 1866)
Tradução de Salvador Gentile
Revisão de Elias Barbosa
Publicado neste blog em: 03/01/2017.

Revista Espírita, janeiro de 1858
Reconhecimento da existência
dos Espíritos e das suas
manifestações
Publicado  em: 03/01/2017.
Nota da Publicação: Escusamo-nos pela extensão do texto, mas há muitíssima necessidade de assim ser, para a perfeita assimilação e compreensão do seu conteúdo.
Revista Espírita, janeiro de 1858

Continuação pg. 33

História de Joana D'Arc

Revista Espírita, janeiro de 1858

DITADA, POR ELA MESMA, À SENHORITA ERMANCE DUFAUX.

É uma questão que, frequentemente, nos colocamos, o saber se os Espíritos, que respondem, com mais ou menos precisão, às perguntas que se lhe dirigem, poderiam fazer um trabalho de grande fôlego. A prova disso está na obra da qual falamos; porque, ali, não se trata mais de uma série de perguntas e de respostas; é uma narração completa e seguida, como a teria feito um historiador, e contendo uma multidão de detalhes, pouco ou nada conhecidos, sobre a vida da heroína. Àqueles que poderiam crer que a senhorita Dufaux é inspirada pelos seus conhecimentos pessoais, responderemos que ela escreveu esse livro com a idade de catorze anos; que havia recebido a instrução que recebem todas as jovens de boa família, educadas com cuidado, mas, mesmo que tivesse ela uma memória fenomenal, não é nos livros clássicos que se podem buscar os documentos íntimos que se encontrariam, talvez dificilmente, nos arquivos do tempo. Os incrédulos, nós o sabemos, terão, sempre, mil objeções a fazer; mas, para nós que vimos o médium na obra, a origem do livro não poderia causar nenhuma dúvida. Se bem que a faculdade da senhorita Dufaux se preste à evocação de qualquer Espírito, do que tivemos prova, por nós mesmos, nas comunicações pessoais que nos transmitiu, sua especialidade é a história. Ela escreveu, do mesmo modo, a de Luís XI e a de Carlos VIII, que serão publicadas como a de Joana D'Arc. Apresentou-se, nela, um fenômeno bastante curioso. Ela era, no princípio, muito bom médium psicógrafo, escrevendo com uma grande facilidade; pouco a pouco, tornou-se médium falante, e, à medida que essa faculdade se desenvolveu, a primeira enfraqueceu; hoje, ela escreve pouco, ou muito dificilmente, mas, o que há de bizarro, é que, falando, tem necessidade de um lápis à mão, simulando escrever; é preciso uma terceira pessoa para reunir as suas palavras, como as da Sibila. Do mesmo modo que todos os médiuns favorecidos pelos bons Espíritos, não recebeu senão comunicações de uma ordem elevada!

Teremos ocasião de voltar sobre a história de Joana D'Arc, para explicar os fatos de sua vida, relativos às suas relações com o mundo invisível, e citaremos o que disse, ao seu intérprete, de mais notável a esse respeito. (19 volume, in - 12; 3 fr. Dentti, Palais-Royal.)
Antes de continuar com a História de Joanna D’Ark, é interessante e plausível que mostremos algumas apreciações do Livro dos Espíritos:

O Livro dos Espíritos
Apreciações diversas

Revista Espírita, janeiro de 1858
O LIVRO DOS ESPÍRITOS

CONTENDO OS PRINCÍPIOS DA DOUTRINA ESPÍRITA

Sobre a natureza dos seres do mundo incorpóreo, suas manifestações e suas relações com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura, e o futuro da Humanidade; ESCRITO SOB O DITADO E PUBLICADO POR ORDEM DE ESPÍRITOS SUPERIORES Por ALLAN KARDEC.

Esta obra, como o indica seu título, não é uma doutrina pessoal, é o resultado do ensinamento direto dos próprios Espíritos, sobre os mistérios do mundo onde estaremos um dia, e sobre todas as questões que interessam à Humanidade; nos dão, de alguma sorte, o código da vida em nos traçando o caminho da felicidade futura. Este livro, não sendo o fruto de nossas próprias ideias, uma vez que, sobre muitos pontos importantes, tínhamos um modo de ver muito diferente, nossa modéstia nada sofreria com os nossos elogios; preferimos, entretanto, deixar falar aqueles que são inteiramente desinteressados na questão.
O Courrier de Paris, de 11 de junho de 1857, continha, sobre esse livro, o artigo seguinte:

A DOUTRINA ESPÍRITA

O editor “Dentu” vem de publicar, há pouco tempo, uma obra muito notável; queríamos dizer muito curiosa, mas, há dessas coisas que repelem toda qualificação banal. O Livro dos Espíritos, do senhor Allan Kardec, é uma página nova do grande livro do Infinito, e estamos persuadidos de que se colocará um marcador nessa página. Ficaríamos desolados se cressem que fazemos, aqui, um reclamo bibliográfico; se pudéssemos supor que assim fora, quebraríamos nossa pena imediatamente. Não conhecemos, de modo algum, o autor, mas, confessamos francamente que ficaríamos felizes em conhecê-lo. Aquele que escreveu a introdução, colocado no cabeçalho de O Livro dos Espíritos, deve ter a alma aberta a todos os nobres sentimentos.

Para que não se possa, aliás, suspeitar da nossa boa-fé e nos acusar de tomar partido, diremos, com toda sinceridade, que jamais fizemos um estudo aprofundado das questões sobrenaturais. Unicamente, se os fatos que se produziram nos espantaram, não nos fizeram, pelo menos, jamais dar de ombros. Somos um pouco dessas pessoas que se chamam de sonhadores, porque não pensam inteiramente como todo o mundo. A vinte léguas de Paris, à tarde sob as grandes árvores, quando não tínhamos ao nosso redor senão algumas cabanas disseminadas, pensamos, naturalmente, de qualquer outro modo do que na Bolsa, no macadame dos bulevares, ou nas corridas de Longchamps. Perguntamo-nos, com frequência, e isso muito tempo antes de ter ouvido falar de médiuns, o que se passava nisso que se convencionou chamar lá no alto. Esboçamos mesmo, outrora, uma teoria sobre os mundos invisíveis, que havíamos guardado, cuidadosamente, para nós, e que ficamos bem felizes de reencontrar, quase inteiramente, no livro do senhor Allan Kardec.

A todos os deserdados da Terra, a todos aqueles que caminham ou que caem, molhando com suas lágrimas a poeira do caminho, diremos: lede O Livro dos Espíritos, isso vos tornará mais fortes. Aos felizes, também, aqueles que não encontram, em seu caminho, senão aclamações da multidão ou os sorrisos da fortuna, diremos: Estudai-o, ele vos tornará melhores.

O corpo da obra, diz o senhor Allan Kardec, deve ser reivindicado, inteiramente, pelos Espíritos que o ditaram. Está admiravelmente classificado por perguntas e por respostas: Estas últimas são, algumas vezes, verdadeiramente sublimes, isso não nos surpreende. Mas não foi preciso um grande mérito a quem soube provocá-las? Desafiamos os mais incrédulos a rirem lendo esse livro, no silêncio e na solidão. Todo o mundo honrará o homem que lhe escreveu o prefácio.

A doutrina se resume em duas palavras: Não façais 'aos outros o que não quereríeis que se vos fizesse. Estamos tristes que o senhor Allan Kardec não tenha acrescentado: E fazei aos outros o que gostaríeis que vos fosse feito. O livro, de resto, di-lo claramente, e, aliás, a doutrina não estaria completa sem isso. Não basta jamais fazer o mal, é preciso, também, fazer o bem. Se não sois senão um homem honesto, não haveis cumprido senão a metade do vosso dever. Sois um átomo imperceptível dessa grande máquina que se chama o mundo, e onde nada deve ser inútil. Não nos digais, sobretudo, que se pode ser útil sem fazer o bem; ver-nos-íamos forçados a vos replicar com um volume.

Lendo as admiráveis respostas dos Espíritos, na obra do senhor Kardec, nos dissemos que haveria aí um belo livro para se escrever. Bem cedo reconhecemos que estávamos enganados: o livro está todo feito. Não poderíamos senão estragá-lo, procurando completá-lo.

Sois homem de estudo, e possuis a boa-fé que não pede senão para se instruir? Lede o livro primeiro sobre a Doutrina Espírita. Estais colocado, na classe das pessoas que não se ocupam senão de si mesmas, fazem, como se diz seus pequenos negócios tranquilamente, e não veem nada ao redor de seus interesses? Lede as Leis morais. A infelicidade vos persegue encarniçadamente, e a dúvida vos cerca, às vezes, com seu abraço glacial? Estudai o livro terceiro: Esperanças e Consolações.

Todos vós, que tendes nobres pensamentos no coração, que credes no bem, lede o livro inteiro.

Se se encontrar alguém que ache, no seu interior, matéria de gracejo, nós o lamentaremos sinceramente. g. ou chalard. Entre as numerosas cartas que nos foram dirigidas, desde a publicação de O Livro dos Espíritos, não citaremos senão duas, porque resumem, de alguma sorte, a impressão que esse livro produziu, e o fim essencialmente moral dos princípios que encerra.
Bordeaux, 25 de abril de 1857.

SENHOR:
Colocastes a minha paciência em uma grande prova, pela demora na publicação de O Livro dos Espíritos, anunciada desde há muito tempo; felizmente, não perdi por esperar, porque ele sobre passa todas as ideias que pude dele formar, de acordo com o prospecto. Pintar-vos o efeito que produziu em mim seria impossível: sou como um homem que saiu da obscuridade; parece-me que uma porta fechada, até hoje, veio a ser, subitamente, aberta; minhas ideias cresceram em algumas horas! Oh! quanto a Humanidade, e todas as suas miseráveis preocupações, me parecem mesquinhas e pueris, depois desse futuro, do qual não duvido mais, mas que era para mim tão obscurecido pelos preconceitos que eu o imaginava a custo!

Graças ao ensinamento dos Espíritos, ele se apresenta sob uma forma definida, compreensível, maior, bela, e em harmonia com a majestade do Criador. Quem ler, como eu, esse livro, meditando, nele encontrará tesouros inexauríveis de consolações, porque ele abarca todas as fases da existência. Eu fiz, na minha vida, danos que me afetaram vivamente; hoje, não me deixam nenhum remorso e a minha preocupação é a de empregar, utilmente, meu tempo e as minhas faculdades para apressar o meu adiantamento, porque o bem, agora, é um objetivo para mim, e compreendo que uma vida inútil é uma vida egoísta, que não pode nos fazer dar um passo, na vida futura.

Se todos os homens que pensam como vós e eu, e vós os encontrareis muitos, espero-o para a honra da Humanidade, pudessem se entender, se reunir, agir de acordo, que força não teriam para apressar essa regeneração que nos está anunciada! Quando for a Paris, terei a honra de vos ver, e se não for para abusar do vosso tempo, eu vos pedirei alguns desenvolvimentos sobre certas passagens, e alguns conselhos sobre a aplicação das leis morais, às circunstâncias que nos são pessoais. Recebei, até lá, eu vos peço, senhor, a expressão de todo o meu reconhecimento, porque haveis me proporcionado um grande bem, mostrando-me o único caminho da felicidade real, neste mundo, e, talvez, vos deverei, a mais, um melhor lugar no outro. Vosso todo devotado, D.... capitão reformado.
Lyon, 4 de julho de 1857.

SENHOR,
Não sei como vos exprimir todo o meu reconhecimento, sobre a publicação de O Livro dos Espíritos, que tenho depois de relê-lo. O quanto nos fizestes saber, é consolador para a nossa pobre Humanidade. Eu vos confesso, que da minha parte, estou mais forte e mais corajoso para suportar as penas e os aborrecimentos ligados à minha pobre existência.

Partilhei, com vários de meus amigos, as convicções que hauri na leitura da vossa obra: todos estão muito felizes, compreendem, agora, as desigualdades das posições na sociedade, e não murmuram mais contra a Providência; na esperança certa de um futuro muito mais feliz, eles se comportam bem, consola-os e lhes dá coragem. Gostaria, senhor, de vos ser útil; não sou senão um pobre filho do povo, que se fez uma pequena posição pelo seu trabalho, mas que tem falta de instrução, tendo sido obrigado a trabalhar bem jovem; todavia, sempre amei muito a Deus, e fiz tudo o que pude para ser útil aos meus semelhantes; é por isso que procuro tudo o que pode ajudar na felicidade de meus irmãos. Iremos nos reunir, vários adeptos que estavam esparsos; faremos todos os nossos esforços para vos secundar, haveis levantado o estandarte, cabe a nós vos seguir, contamos com vosso apoio e vossos conselhos.

Sou, senhor, se ouso dizer meu confrade, vosso todo devotado, C.... Frequentemente, se nos dirigem perguntas sobre a maneira pela qual obtivemos as comunicações que são objeto de O Livro dos Espíritos. Resumimos, aqui, tanto mais voluntariamente, as respostas que nos fizeram, a esse respeito, pois isso nos dará ocasião de cumprir um dever de gratidão, para com as pessoas que quiseram nos prestar seu concurso.

Como explicamos, as comunicações por pancadas, dito de outro modo, pela tiptologia, são muito lentas e muito incompletas, para um trabalho de longo fôlego, também não empregamos, jamais, esse meio; tudo foi obtido pela escrita e por intermédio de vários médiuns psicógrafos. Nós mesmos preparamos as perguntas e coordenamos o conjunto da obra; as respostas são, textualmente, as que nos foram dadas pelos Espíritos; a maioria, foi escrita sob nossos olhos, algumas foram tomadas de comunicações que nos foram dirigidas por correspondentes, ou que recolhemos, por toda parte onde estivemos, para estudá-las: os Espíritos parecem, para esse efeito, multiplicar, aos nossos olhos, os sujeitos de observação.

Os primeiros médiuns que concorreram para o nosso trabalho, foram a senhorita B***, cuja complacência nunca nos faltou; o livro foi escrito, quase por inteiro, por seu intermédio e na presença de um numeroso auditório, que assistia às sessões, e nelas tomavam o mais vivo interesse. Mais tarde, os Espíritos prescreveram-lhe a revisão completa em conversas particulares, para fazerem todas as adições e correções que julgaram necessárias. Essa parte essencial do trabalho foi feita com o concurso da senhorita Japhet (RuaTiquetonne, 14.), que se prestou, com a maior complacência e o mais completo desinteresse, a todas as exigências dos Espíritos, porque eram eles que determinavam os dias e as horas de suas lições. O desinteresse não seria, aqui, um mérito particular, uma vez que os Espíritos reprovam todo o tráfico que se possa fazer com sua presença; a senhorita Japhet, que é, igualmente, sonâmbula muito notável, tinha seu tempo utilmente empregado; mas compreendeu que era, igualmente, dele fazer um emprego aproveitável, consagrando-o à propagação da Doutrina.

Quanto a nós, declaramos, desde o princípio, e nos apraz confirmar aqui, que jamais entendemos fazer, de O Livro dos Espíritos, objeto de uma especulação, devendo os produtos serem aplicados em coisas de utilidade geral; é, por isso, que seremos, sempre, reconhecidos para com aqueles que se associaram, de coração, e por amor ao bem, à obra à qual nos consagramos.

Allan Kardec
Continua na pg. 38
 
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