Aspécto Religioso e Social na Relação com Deus

PUBLICADO EM 04/01/2017

 
ASPECTO RELIGIOSO E SOCIAL

NA RELAÇÃO COM DEUS

ALLAN KARDEC



Livro consultado: 1 - A PRECE SEGUNDO O EVANGELHO
                                  2 - CONSELHOS E REFLEXÕES 

                         

Tradução de Gilon Ribeiro

A PRECE

Item II Estudos sobre obsessões

INSTRUÇÕES DE ALLAN KARDEC

AOS ESPÍRITAS DO BRASIL

A PRECE SEGUNDO O EVANGELHO

II
ESTUDOS SOBRE OBSESSÕES
 
(AÇÃO DA PRECE)
TRANSMISSÃO DO PENSAMENTO
 
 
II — INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

MANEIRA DE ORAR

Continuação da pg. 66 – item III Coleção de Preces Espíritas

III — COLEÇÃO DE PRECES ESPÍRITAS

PREÂMBULO:
1. Os Espíritos têm dito sempre: “A forma da prece nada significa, o pensamento é tudo. Cada um que ore, de conformidade com as suas convicções e da maneira que mais lhe toque o íntimo. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras, com as quais nada tenha de comum o coração”. Nenhuma fórmula absoluta de prece nos prescrevem eles. Quando nos dão alguma, é com o objetivo de fixar ideias e, principalmente, com o de chamar a atenção para certos princípios da Doutrina Espírita. É também com o intuito de vir em auxílio daqueles que se sentem embaraçados para exprimir suas ideias, pois muitos hão que não acreditam ter orado realmente, desde que não formularam seus pensamentos.
A coleção de preces que este capítulo encerra é o resultado de uma escolha feita entre as que os Espíritos ditaram em diversas ocasiões. Poderiam ter ditado outras, concebidas em termos apropriados a certas ideias ou a casos especiais, mas a forma pouco importa, uma vez que o pensamento fundamental seja o mesmo. A prece tem por fim elevar nossa alma a Deus. A diversidade das fórmulas não deve constituir fundamento para estabelecer uma diferenciação entre os que nela creem e ainda menos entre os adeptos do Espiritismo, porquanto.
Deus aceita todas as preces, quando sinceras. Não se considere, pois, esta coleção um formulário absoluto e, sim, espécimes vários de preces, tirados das instruções que os Espíritos dão. É uma aplicação dos princípios da moral evangélica, um complemento do que eles ditaram sobre os deveres para com Deus e para com o próximo, complemento em que se recordam todos os princípios da Doutrina.
O Espiritismo tem por boas as preces de todos os cultos, desde que sejam proferidas com o coração e não com os lábios somente. Não impõe nenhuma e a nenhuma condena. Deus, segundo o Espiritismo, é muito grande para repelir a voz daquele que lhe implora ou que lhe entoa hosanas, pela só razão de o fazer deste ou aquele modo. Quem quer que lance anátema sobre as preces que não estejam no seu formulário, prova que desconhece a grandeza de Deus. Acreditar que Deus prefira determinada fórmula é atribuir-lhe a pequenez e as paixões da Humanidade.
É condição essencial da prece, segundo São Paulo, ser inteligível, a fim de que possa falar ao nosso Espírito. Para isso não basta seja pronunciada numa língua familiar àquele que ora. Há preces formuladas em língua vulgar que não falam ao pensamento mais do que se o fossem numa língua estrangeira e que, por isso mesmo, não vão ao coração. As raras ideias que encerram se encontram quase sempre abafadas pela superabundância das palavras e pelo misticismo da linguagem.
A qualidade principal da prece está em ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que não passam de enfeites de lentejoulas. Cada palavra deve ter determinado alcance, despertar uma ideia, fazer vibrar uma fibra. Em suma: Deve levar-nos a refletir. Só debaixo dessa condição a prece atingirá sua meta. Fora daí, não será mais do que ruído. No entanto, observai o ar de distração e de volubilidade com que são ditas a maior parte das vezes.
Vê-se que os lábios se movem, mas, pela expressão da fisionomia, pelo som mesmo da voz, se verifica que aquilo não passa de um ato maquinal, puramente exterior, conservando-se a alma indiferente. As preces aqui colecionadas se dividem em cinco categorias:

A = preces gerais;
B = preces por si mesmo;
C = preces pelos encarnados;
D = preces pelos desencarnados;
E = preces pelos doentes e pelos obsidiados.
Com o fim de mais particularmente chamar a atenção para o objeto de cada prece e de mais compreensível lhe tornar o alcance, a todas precede uma instrução preliminar, uma exposição de motivos, sob o título de prefácio


A — PRECES GERAIS
Oração dominical
2. PREFÁCIO. Os Espíritos recomendaram que a Oração dominical fosse posta à frente desta coleção, não só a título de prece, mas também valendo por símbolo.
Essa é, de todas as preces, a que eles colocaram em primeiro lugar, já porque provém do próprio Jesus (Mateus, cap. VI, vv. 9 a 13), já por ser de molde a
substituir as outras, conforme o pensamento com que a profiram. É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade em sua singeleza. Com efeito, debaixo da mais restrita forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo, encerra uma rofissão de fé, um ato de adoração e de submissão, o pedido das coisas necessárias à vida, e o princípio da caridade. Dizê-la na intenção de alguém, é pedir para este o que pediria quem a proferisse para si próprio.
Entretanto, mesmo em conseqüência da sua brevidade, à maioria das pessoas escapa o sentido profundo de algumas das palavras que a compõem. Daí vem que muitos a dizem, geralmente, sem deter o pensamento nas aplicações de cada uma de suas partes.
Dizem-na como se se tratasse de uma fórmula, cuja eficácia está na proporção do número de vezes que se repete. E este é quase sempre um dos números cabalísticos, três, sete e nove, buscados na antiga crença supersticiosa da virtude dos números, de uso nas operações da magia.
Para suprir o que de vago a concisão desta prece deixa no pensamento, juntou-se-lhe, a conselho e com a assistência dos bons Espíritos, a cada proposição um comentário, que lhe desenvolve o sentido, mostrando suas aplicações. Conforme as circunstâncias e o tempo de que disponha, qualquer pessoa poderá recitar a Oração dominical na sua forma simples ou com o desenvolvimento, que aqui se lhe dá.
3. PRECE. — I. Pai nosso
Pai nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso Reino.
Seja feita a vossa vontade aqui na Terra como no céu!
O pão nosso de cada dia nos dai hoje!
Perdoai as nossas dívidas,
como perdoamos aos nossos devedores.
Perdoai as nossas ofensas, como
perdoamos aos que nos hajam ofendido.
Não nos deixe cair em tentação
Mas livra-nos do mal
Pois teu é o reino, o poder e a Glória, para sempre
Assim seja!
1 - Pai nosso que estais nos céus e santificado seja o vosso nome:
Cremos em vós, Senhor, porque tudo revela o vosso poder e a vossa bondade. A harmonia do Universo dá testemunho de sabedoria, prudência e previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas. O nome de um ser soberanamente grande e sábio se acha inscrito em todas as obras da Criação, desde a folhinha do arbusto até o mais pequenino inseto, até os astros que se movem no Espaço. Por toda parte vemos a prova de uma solicitude paternal. Cego é, pois, aquele que não vos glorifica em vossas obras, e ingrato aquele que não vos rende ações de graças.
2 - Venha a nós o vosso Reino
Senhor, destes aos homens, leis cheias de sabedoria, que os fariam felizes se eles as observassem. Obedecendo a essas leis, fariam reinar entre si a paz e a justiça, auxiliar-se-iam mutuamente, em vez de se hostilizarem, como o fazem. O forte sustentaria o fraco, em vez de o esmagar. Todos evitariam os males que se originam dos abusos e dos excessos de toda ordem. Todas as misérias deste mundo provêm da violação das vossas leis, porquanto nenhuma dessas violações deixa de ter consequências fatais. Destes ao bruto o instinto que lhe traça os limites do necessário e ele maquinalmente se conforma. Ao homem, porém, além desse instinto, destes a liberdade de observar ou infringir aquelas de vossas leis que pessoalmente lhe dizem respeito, isto é, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a fim de que lhe pertençam o mérito e a responsabilidade de suas ações. Ninguém poderá pretextar a ignorância das vossas leis, pois que, com a vossa paternal previdência, quisestes que na consciência de cada um, sem distinção de culto, nem de nações, ficassem elas gravadas. Desconhecem-vos aqueles que as violam. Dia virá, entretanto, conforme prometestes, em que todos as praticarão. Então, a incredulidade terá desaparecido. Todos vos reconhecerão soberano Senhor de todas as coisas e o reinado das vossas leis estará implantado na Terra.
Dignai-vos, Senhor, apressar-lhe o advento, dando aos homens a luz que os guie no caminho da verdade.
3 - Seja feita vossa vontade assim na Terrra como no céu.
Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para com o superior, quão maior não deverá ser a da criatura para com o seu Criador! Fazer-vos a vontade, Senhor, é obedecer às vossas leis, é submeter-se, sem murmurar, aos vossos decretos divinos. O homem se lhes submeterá quando compreender que sois a fonte de toda a sabedoria e que sem vós ele nada pode. Fará então a vossa vontade na Terra, como os eleitos a fazem no Céu.
4 - O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Dai-nos o alimento que mantenha as forças do nosso corpo. Dai-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso Espírito. O bruto encontra nas pastagens com que se alimentar. O homem, porém, tem que adquirir, com sua atividade e com os recursos da sua inteligência, o alimento necessário, por isso que o criastes livre. Assim é que lhe dissestes: «Tirarás da terra o teu alimento, com o suor do teu rosto.» Por essa forma lhe fizestes do trabalho uma obrigação, a fim de que ele exercitasse a inteligência, procurando meios de prover às suas necessidades e ao seu bem-estar, uns por meio do trabalho material, outros pelo trabalho intelectual. Sem ter que trabalhar, permaneceria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos Espíritos superiores. Auxiliais o de boa-vontade que em vós confia para obter aquilo de que necessita, mas não auxiliais aquele que se compraz na ociosidade, desejando tudo alcançar sem trabalho, como também não auxilias o que busca o supérfluo. Quantos sucumbem por sua própria culpa, por efeito da incúria, da imprevidência, da ambição e por não terem querido contentar-se com o que lhe havíeis dado! Esses são os obreiros do seu próprio infortúnio e não têm o direito de se queixar, porquanto se veem punidos naquilo mesmo que lhes foi causa de pecar. Mas, nem sequer a esses abandonais, porque sois infinitamente misericordioso. Mão protetora lhes estendeis desde que, qual o filho pródigo, se voltem para vós sinceramente. Antes de nos queixarmos da nossa sorte, inquiramos de nós mesmos se ela é obra nossa. Toda vez que uma infelicidade nos suceda, perguntemo-nos se não esteve em nossas mãos o evitá-la. E reconheçamos também que Deus nos dotou de inteligência para que possamos sair do lodaçal e que de nós depende o bom uso dessa Inteligência. Pois que à lei do trabalho está sujeito o homem na Terra, dai-nos coragem e força para preenchermos essa condição. Dai-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de que não percamos o fruto dessa condição. Dai-nos, portanto, Senhor, o pão de cada dia, dando-nos os meios de adquirir, pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, visto que a ninguém assiste o direito de reclamar o supérfluo. Se o trabalho nos é impossível, confiamos na vossa divina providência. Se estiver nos vossos desígnios pôr-nos à prova por meio das mais duras provações, não obstante os nossos esforços, aceitamo-las em justa expiação das faltas que possamos ter cometido nesta ou em vida precedente, pois que sois justo. Sabemos que não há penas imerecidas e que jamais somos castigados sem causa. Preservai-nos, ó Deus, de invejar os que possuam o que não temos, ou sequer os que têm o supérfluo, quando nos falta o necessário. Perdoai-lhes o esquecerem-se da lei, que lhes ensinastes, de caridade e de amor ao próximo. Afastai igualmente do nosso Espírito a ideia de negar a vossa justiça, vendo a prosperidade do mau e a desgraça abater-se por vezes sobre o homem de bem. Sabemos agora, graças às novas luzes que vos aprouve dar-nos, que a vossa justiça se exerce sempre, e que a ela ninguém se esquiva; que a prosperidade material do mau é efêmera qual a sua existência corporal, e que terrível lhe será o reverso dessa medalha, ao passo que eterna será a alegria daquele que sofre resignado.
5 - Perdoai as nossas dívidas, como perdoamos aos que nos devem. — Perdoai as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos hajam ofendido.
Toda vez que infringimos as vossas leis, Senhor, uma ofensa vos fazemos, contraímos uma dívida que cedo ou tarde teremos de saldar. À vossa infinita misericórdia rogamos que no-la perdoe, sob a promessa de empregarmos esforços por não contrair novas dívidas. Da caridade fizestes para nós uma lei expressa, mas a caridade não consiste apenas em socorrer nossos semelhantes nas suas necessidades; consiste também no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a vossa indulgência, se não soubéssemos ser indulgentes com aqueles de quem temos queixas? Dai-nos, ó Deus, força para abafar em nossa alma todo ressentimento, todo ódio, todo rancor. Fazei que a morte não nos surpreenda com um desejo de vingança no coração. Se for de vosso agrado retirar-nos hoje mesmo deste mundo, fazei que possamos apresentar-nos, diante de vós, puros de qualquer animosidade, a exemplo do Cristo, cujas últimas palavras foram em favor de seus algozes. As perseguições, que nos movem os maus, fazem parte das nossas provas terrestres; temos que aceitá-las sem murmuração, e assim todas as outras provas, e sem maldizer esse caminho da felicidade eterna, pois que dissestes pela boca de Jesus: «Bem-aventurados os que sofrem por amor da justiça!» Abençoamos, conseguintemente, a mão que nos fere e humilha, visto que as feridas que ela abre em nossos corpos nos fortalecem a alma, e nossa humildade nos elevará. Bendito seja o vosso nome, Senhor, por nos haverdes ensinado que a nossa sorte não estará irrevogavelmente sentenciada após a morte; que em outras existências se nos depararão meios de resgatar e reparar as faltas passadas, de realizar, em nova vida, em prol do nosso adiantamento, o que nesta não pudemos fazer. Desse modo se explicam todas as aparentes anomalias da vida, e, na luz que aclara o nosso passado e o nosso futuro, vemos o sinal brilhante da vossa soberana justiça e da vossa bondade infinita.
VI. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Dai-nos, Senhor, força para resistir às sugestões dos maus Espíritos, que tentam desviar-nos do caminho do bem, inspirando-nos maus pensamentos. Nós mesmos somos Espíritos imperfeitos, que encarnamos na Terra para expiar erros passados e nos melhorarmos. Em nós está a causa primária do mal e os maus Espíritos não fazem mais do que aproveitar nossos pendores viciosos, em que nos entretêm para nos tentar. Cada imperfeição é uma porta aberta à influência deles, que, entretanto, se mostram impotentes para qualquer tentativa contra os seres perfeitos. Inúteis serão todos os esforços que empregarmos para os afastar, se não lhes opusermos vontade inabalável de permanecer no bem e de renunciar absolutamente à prática do mal. É, pois, contra nós mesmos que devemos dirigir os nossos esforços e, se assim o fizermos, os maus Espíritos se afastarão naturalmente, porquanto, ao passo que o mal os atrai, o bem os repele.
Senhor, amparai-nos em nossas fraquezas, inspirai-nos, por intermédio dos anjos de guarda e dos bons Espíritos, o desejo de nos corrigirmos das nossas imperfeições, a fim de tolhermos aos Espíritos impuros o acesso à nossa alma. O mal não faz parte da vossa obra, Senhor, porquanto da fonte de todo o bem nada de mau pode emanar. Somos nós mesmos que o criamos, infringindo as vossas leis e fazendo mau uso da liberdade que nos concedestes. Quando todos os homens observarem as vossas leis, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu de mundos mais adiantados. O mal não constitui para ninguém uma necessidade fatal, e só parece irresistível aos que nele se comprazem. Assim como podemos sentir o desejo de fazer mal, podemos sentir o de fazer bem. Eis por que, ó Deus, pedimos a vossa assistência, e a dos bons Espíritos, para resistirmos à tentação.
(Algumas traduções dizem: Não nos induzas à tentação (et ne nos inducas in tentationem). Esta expressão faria supor que a tentação vem de Deus, que Ele, por vontade, impele os homens para o mal. Semelhante ideia, sendo blasfema, pois que igualaria Deus a Satã, não pode ser a que Jesus externou. Ela, porém, está de acordo com a doutrina vulgar sobre o papel dos demônios. (Ver: O Céu e o Inferno, citado, 1ª Parte, cap. IX, “Os demônios”.)
VII. Assim seja.
Permiti, Senhor, que os nossos desejos se realizem! Inclinamo-nos, porém, diante da vossa sabedoria infinita. Em tudo que não nos é dado compreender, cumpra-se a vossa vontade e não a nossa, pois que só quereis o nosso bem e melhor do que nós sabeis o que nos é útil. Dirigimos-vos esta prece, ó Deus, por nós mesmos e também por todas as almas sofredoras, encarnadas ou desencarnadas, pelos nossos amigos e inimigos, por todos os que solicitam a nossa assistência e em particular por N...Para todos imploramos a vossa misericórdia e a vossa bênção.
Nota — Neste ponto se podem formular todos os agradecimentos que se queiram dirigir a Deus e o que se deseje pedir para si mesmo ou para outrem.
 
          Estabelecer critérios competitivos, faz parte da natureza humana em todos os aspectos da vida, sempre comparamos nossa vida e as situações que ela envolve com as das demais pessoas. Acostuma-se dizer que política e religião não são passíveis de discussão, entretanto deixar de apresentar nossa opinião sobre os assuntos a nossa volta é tarefa quase impossível.
         No processo de estruturação de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec perguntou aos espíritos na questão de número 842, qual seria a melhor religião. Na íntegra a questão foi formulada da seguinte maneira:

“Por que indícios se poderá reconhecer, entre todas as doutrinas, que alimentam a pretensão de ser a expressão única da verdade, a que tem o direito de se apresentar como tal”?

A resposta é inundada de profundo bom senso:

“Será aquela que mais homens de bem e menos hipócritas fizer, isto é, pela prática da lei de amor na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação”. Esse é o sinal por que reconhecereis que uma doutrina é boa, visto que toda doutrina que tiver por efeito semear a desunião:
       Estabelecendo uma linha de separação entre os filhos de Deus.
       Se arvorando melhores que os outros,
      Apresentando possibilidades sem comprovação de irmãos que não são de sua religião, serem condenados ao inferno.
       Incitando orgulho, num fanatismo cego por fantasias de salvação.
       Não pode deixar de ser falsa e perniciosa.
Analisar a questão acima nos evidencia uma fonte inesgotável de reflexões a serem feitas, afinal, seria natural que cada segmento religioso defendesse o caminho por ele proposto como sendo “o melhor”, mas a natureza elevada e universalista oferecida pelos espíritos à Allan Kardec, apresenta uma visão dilatada, sem defender nem ofender esta ou aquela filosofia religiosa. Simplesmente esclarece que a melhor religião, a mais verdadeira, é a que fizer “mais homens de bem”.
Desta forma, pouco importa a que religião pertencemos, o mais importante é possuir um comportamento de religiosidade, norteado por um caráter sólido e bases éticas depositadas nas próprias ações.
Nossas atitudes, nossos comportamentos mostram quem verdadeiramente somos, todo o resto forma apenas o cenário onde a vida se desenrola, visando o crescimento moral e espiritual da criatura humana.
Em boa definição é indiferente o rótulo utilizado para nossa apresentação na vida social, apenas o bem que fazemos e a nobreza que imprimimos em nossos atos, são capazes de dizer se a religião que abraçamos é a melhor, pois isso só pode ser medido quando ela nos faz melhor.
Por meio desse bom senso universal, é que o Espiritismo contribui para o desenvolvimento da consciência do homem e como consequência, auxilia a construção de um mundo melhor.

Arnaldo Leite dos Santos
 

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