ATUALIDADE BRASILEIRA
O ESPIRITISMO
E A CRISE BRASILEIRA
É indispensável secar a
fonte, ou seja, combater as causas dos males que atingem nossa sociedade
Altamir da Cunha│altamir.cunha@bol.com.br
Nos
últimos anos temos acompanhado, através da mídia, notícias que revelam uma das maiores
crises da história do Brasil; tanto no aspecto socioeconômico quanto no moral.
A inflação ultrapassou níveis considerados suportáveis; o desemprego cresceu; a
insegurança se instalou em vários setores da sociedade, com predominância nas
classes já há muito consideradas menos favorecidas; a violência urbana coloca o
país como um dos mais violentos do mundo; criaturas que mal chegaram à adolescência
são protagonistas deste triste drama e são reconhecidas como de alta
periculosidade; a corrupção parece ter se tornado prática comum no cenário
político.
Como
consequência, a população brasileira, angustiada, anseia por providências que
transformem esse indesejável cenário, propiciando que a paz, a justiça e a
prosperidade se tornem realidade. As manifestações populares são frequentes,
atendendo a um direito ínsito em qualquer país regido pela democracia. No
entanto, no meio da imensa massa que ocupa as ruas, inconformada com a
indesejável situação, encontram-se revoltados e violentos e que não acreditam em
mudanças conquistadas de forma pacífica; agridem, depredam patrimônios públicos
e privados, sem perceber que tão equivocada atitude é equivalente à de quem
pretende sarar um ferimento colocando ácido.
As
propostas apresentadas para solucionar a crise são variadas, obedecendo ao
sabor das ideologias partidárias e de alguns setores influentes da sociedade.
Na prática, porém, no mundo mais do que interesses em resolver as graves
questões. Com vista ao progresso e ao bem-estar da população, assistimos a uma
luta desenfreada em atendimento a interesses individuais e de grupos. Basta
considerarmos as propostas que concedem aumentos substanciosos de recursos
financeiros. Beneficiando partidos políticos, em detrimento a setores
importantes como educação, saúde, segurança, etc., em contraste com uma das
principais propostas por eles mesmo apresentada: a contenção de gastos.
A
corrupção e a violência são as duas principais causas de inconformação e revolta
da população, que sugere leis mais duras para punir os infratores; justificam
tal proposta afirmando que a impunidade e a brandura das penas estimula o
aumento e a perpetuação das contravenções.
Ante
tão complexos problemas, à luz da Doutrina Espírita, sem o envolvimento em
paixões partidárias ou interesses que não sejam direcionados ao bem-estar da
coletividade, o que teríamos a propor?
Iniciemos
analisando a proposta de leis mais severas, como solução aos citados desmandos.
Recorrendo ao Livro dos Espíritos, na questão 796:
P) “No estado atual da sociedade, a severidade
das leis penais não constitui uma necessidade"?
R) "Uma sociedade depravada certamente
precisa de leis severas. Infelizmente, essas leis mais se destinam a punir o
mal depois de feito, do que lhe secar a fonte. Só a educação poderá reformar os
homens que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas.”.
É
bem verdade que a impunidade poderá estimular aqueles que em potencial são
portadores de enfermidades morais à prática da corrupção e da violência; porém,
a severidade das leis por si só não eliminará o mal. É indispensável secar a
fonte, ou seja, combater a causa. Somente a educação, e não apenas a educação
convencional, mas sim a que espiritualiza e desperta o autoconhecimento, que
não dissocia direitos e deveres. Eduque-se o Ser, conscientizando-o sobre a
imortalidade da alma, a reencarnação, a lei de causa e efeito que proporciona a
cada um segundo as suas obras e, com certeza, todos pensarão muito antes de
agir. Claro que os resultados não se farão de imediato; é preciso tempo para
que se descontrua a educação materialista que os animou há séculos. Porque não
é suficiente crer; é preciso ter convicção, certeza. Haja vista a todos que de
forma direta ou indireta são responsáveis por esse triste drama e que em sua
grande maioria tem religião destinada.
Pelo
exposto, sem nenhuma paixão ou fanatismo, podemos informar que o Espiritismo
tem muito a contribuir, não somente para a solução dos graves problemas que
massacram o povo brasileiro, mas os de toda a humanidade. Porque “(...) destruindo
o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz que os homens
compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida
futura de estar velada pela dúvida. O homem perceberá melhor que, por meio do
presente lhe é dado preparar o futuro (...)”
Mais
espiritualizado e mais consciente da lei de causa e efeito que rege nossas
ações, o cidadão agirá com responsabilidade quanto à escolha dos que serão responsáveis
pela condução da nação; não pensarão apenas em seus interesses, porém nos
interesses da coletividade. Sendo assim, também, destes dirigentes
espiritualizados, sem as influências limitadoras do materialismo, espera-se a
sintonia com as lições maravilhosas do Mestre Jesus, instruindo como pilares de
sua administração:
a)
O trabalho –
“O pai até hoje trabalha e eu também trabalho”.
Não há nação próspera sem
trabalho: o trabalho é a força propulsora do progresso. Em um país onde seus
habitantes se acomodam à ociosidade, trocando o trabalho pelo assistencialismo
governamental ou outras ações semelhantes, predominará sempre a estagnação e a
miséria.
b)
O amor – “Um
mandamento vos deixo, que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”.
O amor em prática chama-se
caridade; e o verdadeiro sentido da palavra caridade como a entendia Jesus é
apresentado na questão 886 de O Livro dos
Espíritos: "Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições
dos outros, perdão das ofensas”.
Onde existe amor, existe a
união, o respeito, a solidariedade e a tolerância. Onde existe o amor, não há lugar para o orgulho
e o egoísmo; consequentemente, inexiste qualquer forma de violência, corrupção,
desigualdades extremas ou personalismo, individual ou de grupo. O lema “Cada um
por si” cederá lugar a “todos por todos”.
c)
A justiça – "Tudo que
quereis que os homens vos façam, fazei vós também a eles”.
Feliz
o povo cuja a nação é dirigida com justiça; nela não existirá parcialidade,
protecionismo, nem tampouco perseguição. Os que julgam e os que dirigem, agirão
sempre com imparcialidade, ainda que os beneficiados sejam seus opositores;
pondo em prática o que o Mestre Jesus ensinou: “Dai a César o que e de Cesar e
a Deus o que é de Deus”.
Não
temos dúvida que em uma nação onde sejam cumpridos fielmente esses princípios, nela
reinará a paz e a prosperidade.
O Autor é bacharel em
matemática, palestrante, escritor e articulista de vários periódicos espíritas
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